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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Soneto natural

Sei que o tempo passa, mas não significa que tudo
Deve passar junto com ele. Algumas coisas tortas
Ficam, mas ficam. Mesmo que o retrato fique mudo
Na parede, ainda faz meu peito arfar como estrelas mortas.

Sei que o vento sopra, e nasce assim a lufada.
Trazendo a tona às memórias, mostrando o vazio,
O qual o vento me empurra, no peito, uma facada.
A queda então, parece nunca encontrar o chão frio.

Sei que o mundo gira, e ninguém o consegue parar.
É apenas a natureza e o universo cumprindo o dever,
Assim como o Sol e a Lua não podem se amar...

Sei que o passar do tempo, o soprar do vento, e o girar do mundo,
São inevitáveis. Por mais frio que me faça sentir no calor, esquecer
Não irei tu, mas a solidão encontra em mim um abrigo profundo.


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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Noites claras

Noites passo deitado em minha cama sem dormir...
Pensando; nas discussões, em como poder mudar;
Nos telefonemas nunca atendidos, sem sorrir
Pelas cartas nunca recebidas para ler e se emocionar...

Nos olhares nunca trocados, no rosto
Nunca visto, angústia maldita da espera...
Noites penso na vida e em seu desgosto,
À espera a qual chegue à louvada primavera

E ilumine teus olhos castanhos e teus cabelos,
E dê brilho a teus lábios sublimes, à tua cor...
E que principalmente do inverno espante os pesadelos...

Noites passo pensando em tudo e no amor...
Em como a vida poderia ser simples sem mudar
A essência... Quando percebo, a noite já está a clarear...



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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Folhas secas


Só as folhas secas, sem vida, caem do seu galho...
Se eu disser que as folhas verdes caem, é mentira.
Se tento arrancar uma folha jovem, eu falho...
Porque nada acontece por acaso, e o mundo conspira.

Uma folha só cairá quando tiver chegado à hora,
E tiver feito tudo o que lhe fosse imposto pela vida...
Pelas noites, quando não é nem dia e nem noite, a aurora
Rouba o brilho das estrelas, por última a mais garrida...

Deixe que o vento tire as folhas da árvore mais bela,
Assim, dando espaço para que outras novas possam nascer...
No escuro véu da noite, à chuva, eu espero na janela

A lufada que trará o meu amor, para o dia poder amanhecer
Com você do meu lado, se faz a clareza do meu mundo no teu olhar...
Valeu a pena esperar as ‘folhas’ caírem na hora certa, e te encontrar.

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domingo, 24 de outubro de 2010

Soneto da meia noite

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É como se fosse a primeira vez que escrevesse um poema.
É como se fosse a primeira gota a cair de uma tempestade,
É como se fosse o último a sair de uma sala de cinema,
É como se fosse a última flor a desabrochar na eternidade.

As palavras desaparecem e o peito ofegante fica sem ar.
Meu olhar tenta desviar, mas no final sempre retorna
À mesma figura que o tempo nunca poderá apagar,
Ao cálice puro; fonte de forças que nunca se esgota nem entorna.

Provar deste, é como mergulhar num mar sem fim,
Sem poder voltar a superfície, podendo apenas afogar-se
Cada vez mais, aproximando-se da tua pele de marfim.

Bebendo de teus lábios o mais puro mel a fabricar-se...
Enrolando-me em teus cabelos, em teus braços, em todo seu ser...
Nem mesmo o tempo, o infinito, o universo, fará meu amor perecer.



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sábado, 9 de outubro de 2010

Algum dia




Preso entre quatro paredes, sem ter pra onde fugir.
A coita em minha mente não me permite esquecer,
Que em tua face há o brilho quando a vejo sorrir;
Que no teu peito, está o que preciso para viver.

Perto demais ao ponto de poder sentir o gosto
Que o vento me traz, e senti-lo levá-lo de mim.
Longe o bastante para tocar teu sublime rosto,
Conheço o abismo que é não tê-la em meu jardim.

Espaços vagos formam cárceres em meu peito,
Que acorrentam o sofrimento de não poder amá-la.
Espaços que alimentam os demônios imperfeitos

Que nos rodeiam, afastando-nos um do outro...
E os pesadelos que agora surgem, nada serão
Perto do amor que pode sentir um puro coração.

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domingo, 3 de outubro de 2010

Além do pensamento




Há dias em que não conseguimos saber o que sentimos,
Andamos, sentimos o vento soprar no peito, afagando.
E lembramos dos momentos juntos em que não rimos,
Dos momentos juntos em que não passamos juntos...

É como se estivéssemos na iminência da agonia do pranto,
Voando alto sem saber onde estamos, ou onde vamos chegar.
Como se meu peito fosse jaula para a tristeza num canto,
E solidão do outro, cárcere vazio de sentimentos, sem amar.

Madrugadas a dentro passamos, derramando lágrimas puras,
Discutindo por que ela ainda não chegou, será que está perdida?
Mas no fim da madrugada, vejo que tudo passou, e nossa cura

Está a caminho, pra salvar-nos do inferno de gelo que é a vida
Sem ter alguém para se amar, para poder rir e sorrir e chorar,
Para o amor quebrar a corrente de dor e mostrar a luz do teu olhar.



'Todos sabemos que o inferno não é o mesmo para todos, o inferno é de cada um, conforme ele constrói em seu pensamento. O paraíso não é diferente. Meu inferno é viver num mundo sem você. Meu paraíso é viver você, sua respiração, cada batida do coração, um sorriso no teu rosto, seria tecer asas de libertação da alma para que me fizesse voar até os anjos...
Tudo depende do pensamento, nossa vida, nossos atos, é tudo pensamento. Como dizia minha amiga, Pensamento gera sentimento que gera acontecimento. Mas eu sinto, o amor, é muito mais do que mero ato de pensamento.'

domingo, 19 de setembro de 2010

A mentira mais bela: Amor

Não sei por onde começar, mas já não me controlo.
Não entendo mais o que sinto, se é bom ou ruim,
Se é ilusão ou verdade. Quanto mais tento mais embolo
As linhas que me levam à realidade de um poço sem fim.

Procuro fragmentos que possam me libertar
Da solidão, das lágrimas, dos pesadelos incontáveis;
Buscando nelas, o que nunca sei se irei encontrar.
Por que então continuar estes versos imensuráveis

Nesta noite que certamente será eternamente
Longa, repletas de gritos em meu peito, de arranhões
No piso do quarto, choro sufocado no travesseiro

Encharcado? Não sei mais se tudo isso é fruto da mente,
Ou se é da visão que tenho de mim e minhas aberrações
Que sem dúvidas a leva de mim, matando-me por inteiro...

Busco nelas o que sei que não irei encontrar,
Por simples desencargo de não ter tentado...
E a cada boca, só consigo os olhos fechar,
E sentir-me vazio, traído e enganado...

O que sinto não tem definição, não tem conceito
Que diga o que é, não tem cura, não tem explicação.
Falho erroneamente tentando achar um único defeito
Em teu sorriso, na tua pele, em teu todo de tentação.

É tarde demais para negar o que ela se tornou pra mim.
É tarde demais para buscar um caminho cuja volta
Não existe mais, e que não quero encontrar sem um ‘sim’

Para esse sentimento não correspondido pela revolta
Que o destino me trouxe. Não adianta mais fugir da dor,
Não adianta mais esquivar dos fatos que comprovam o amor.



domingo, 29 de agosto de 2010

Luz nas sombras


Há dias que não sabemos o que pode acontecer...
E queremos só encontrar um lugar escondido,
Escuro o suficiente para que possamos esquecer
Todas as pessoas, e deixar de manter inibido

O que desce escorrendo pelos olhos cansados,
Numa rapidez estúpida, sem pensar em parar,
Sem querer pensar nos motivos tão que pesados
O suficiente para te deixar encolhido e abraçar

A própria sombra na escuridão que te cerca.
Como imaginar que surgirá uma luz neste lugar,
Capaz de nos salvar? Assim então se fez o fim.

As sombras se abriram para a luz passar...
E de tão cansados estarem meus olhos,
Chorei, mas desta vez, por ver-te diante de mim.




sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sofrimento invisível

Como pode algo que não vemos nos machucar?
Tão pura como uma gota de chuva em janeiro,
Que desejaria que chovesse só para me banhar.
Sonhar sem agir é como se prender em cativeiro,

É alimentar a fera que nos consome diariamente,
Sem poder fazer com que desapareça a agonia.
Tão serena como uma casa na montanha rente
A mata virgem, que então a calma se cria.

Como fazer extinguir-se esse sentimento,
Que cada vez mais, só faz aumentar
O que tentamos evitar a todo e qualquer momento?

É difícil não pensar em pensar em sonhar.
Ainda que despertemos dele e vejamos que não é,
Podemos, ao menos, desfrutar enquanto dure.



sábado, 24 de julho de 2010

Chuva que não molha, felicidade só


Era apenas um garoto que vivia sempre olhando o nada,
Sempre pensando no que seria, sem saber o que vai dar.
Cabeça dura, decepcionando todos que o amava...
Fazendo todos, ao menos uma vez na vida chorar.

Escolheu a solidão para não fazer ninguém sofrer,
Mas viu que só a vida era sem graça, sem razão...
Nisso sofria ele mesmo, e para a dor esquecer,
Decidiu aprender a tocar um velho e preto violão.

Nomeou-o Michael, mas troucou para Carrie Lilith Raja.
Sua música foi uma terapia, um entorpecente encorajador.
Mas para ele, Lilith mostrou que tudo pode melhorar...

Agora sua vida tinha música, mas ainda não tinha cor.
E atualmente nada mudou, ele ainda está a superar
O problema que nunca sequer passou...


"Chuva que não molha, não existe.
Chuva que não molha, felicidade só
Não existe felicidade só."

domingo, 18 de julho de 2010

Prisão sem grades

Preso entre quatro paredes, sem ter pra onde ir...
Com apenas uma janela para que possa respirar,
É uma prisão onde a luz do sol não pode se sentir.
Prisão única, onde novos detentos não se podem abrigar.

Só há uma chave que possa quebrar essas correntes,
Só há uma chave que possa abrir esta imunda cela.
Aqui não há mais espaço para almas subitamente doentes.
O único sonho que tenho é poder alcançar a janela...

Por que sonhamos mais alto do que podemos alcançar?
Talvez porque o culpado disso seja o inocente vento...
Por não poder vê-lo, porque se não vir não pode se amar.

Amamos o que vemos, por isso odeio essa fria.
A pior prisão não é feita de pedras tijolo e cimento...
A pior prisão é aquela que a nossa mente cria.

sábado, 12 de junho de 2010

Nunca é tarde para amar



O frio é congelante e impiedoso este que invade
A madrugada que chega, juntamente com a tua
Pessoa que acaba de adentrar com minha propriedade
Sobre pernas brancas, e uma pele como a lua.

Chegastes tarde, mas não tanto para que deixasse
De possuir-te, de sentir teu calor corpóreo...
Chegastes tarde, mas não para que não a amasse
Mais... Meu amor é como um esboço arbóreo

Que a cada ramo, mais estão a surgir e completar
O espaço que falta até preencher tudo o que há,
O que há por fora, o que por há dentro de nós...

É algo que se nutre sozinho, basta deixar amar
Que o que tiver de ser, há de ser mais do que será.
És tu minha amada, de todo meu amor é a foz.



O que os jovens pensam

Quando jovens, pensamos que encontraremos nosso amor,
Mas as aventuras da adolescência só nos fazem perder de vista.
As cicatrizes do siso nos mostram que é preciso saber o que é a dor
Para saber que o amor não é como nos quadrinhos das revistas...

Quando jovem, confesso que caí nas armadilhas sem saber.
Confesso que não queria escutar os mais velhos, chatice...
E confesso que quando cresci, somente, pude compreender
Que é fundamental tropeçar, e passar por toda babaquice.

Quando jovem, minha doente pessoa amava uma mulher feita,
Evidente amor de adolescente, amor impossível, perigoso...
Mas o amor era puro, intenso, sequioso, ela era perfeita...

E sempre que a via, sabia que era impossível, isso fazia mais gostoso.
Até que certo dia, já homem feito, acordei em minha quente cama,
E ao meu lado, não estava ela, mas eu a amava tanto quanto quem ama.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Astros não possuem corações Pt. II

Ela é tão brilhante como o sol enorme
Que ilumina metade da nossa terra,
Enquanto eu ilumino a outra metade.
Uma guerra que não é uniforme...

Ela é tão radiante, tão poderosa,
Que ninguém ousa olhar diretamente.
Eu não ilumino como ela, grandiosa...
Mas ilumino parte da noite, suavemente.

Tenho minhas formas diversas de aparecer,
Tudo depende. Já ela, sempre radiante...
Combinação perfeita, a noite, o dia...

Amor impossível, certo de não acontecer...
Quando sou lua cheia e estou no céu adiante
Ela não me percebe. Seu brilho me apaga.



Amor de papel

Tão linda como uma noite de lua,
A meus olhos nunca será feia.
Arrasa corações por andar nua
Numa noite mágica de lua cheia.

Tão linda como o nascer do sol no horizonte,
A meu corpo deixará aquecido constante.
De todo os desejos dos homes, tu és a fonte
Que afogo-me tornando-me o teu amante...

Tão linda como a mais flor de jasmim
Que inveja os pobres anjos com meros cabelos cor de mel.
Tão linda, tão mais que um simplório serafim...

Mas esse amor incessante, esse amor de papel
Não esperava que o nosso improvável fim
Acabasse com tu derramando lágrimas do céu.


sexta-feira, 30 de abril de 2010

De todas uma

Por mais que seja muita a distância,
Nem mesmo a imensidão do universo
É capaz de inibir o brilho de uma estrela...
A distância faz do Amor perverso,

Mas inda assim sinto o seu brilho
Que ilumina o meu dia, Oh Deus,
Como pode um ser perfeito ser teu filho?
Como poder não apaixonar-me pelos olhos seus?

Mesmo que junto a mim não esteja perto
Eu posso sentir, com toda a certeza
Que o que sinto, oh céus, não é incerto.

Como lhe dizer com mais clareza
Se são com poucas palavras que lhe proclamo:
De todas as estrelas, é você a que amo...



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A marca do amor

Não conseguimos segurá-las quando sentimos dor.
É como se algo gritasse liberdade dentro do peito.
Há vezes nas quais elas descem com tanto rigor...
Mas como tudo na natureza, não tem como ser perfeito.

Lembro-me que quando meu amor encontrou o céu,
Elas escorriam e dentro de mim crescia o pavor...
Como se escorresse sangue e sujasse o seu fúnebre véu...
Ele inunda o seu lugar de repouso como meu amor...

E para debaixo da terra seu corpo há de apodrecer...
Mas sinto como se sua alma estivesse ao meu lado.
Sinto que minha carne, vermes estão a comer...

Como é a dor de ver na tua lápide, lá enterrado,
O coração que bateu por dois corpos numa só vez...
O amor que me deste quando a vi não se desfez.



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O que os olhos não vêem

Minto quando digo que a algo não estou preso.
Inda que para cada um há algo novo, talvez diferente...
Na tua ausência, já me tornei um tremendo obeso.
Há dias que me pergunto se por ti sou doente...

Ainda que não esteja aqui, comigo abraçada,
Gravo em minha memória as lembranças não vividas, e
Revivo-as em meus pensamentos trazidos pela lufada...
A cada dia eu vou descobrindo que tu deixas as rosas floridas.

Vinha observando o céu à noite, e veio a resposta divina.
Incontestavelmente eu descobri que tu és o que me prende.
Da noite escura, tu és aquilo o que da escuridão me ilumina.

Às vezes erramos, mas quase sempre a gente aprende.
Desde hoje eu sei que tu és a minha doce gravidade.
E mesmo sem poder ver-te, sei que és de verdade.




Jardim abandonado

No meu jardim ontem eu cortei a grama...
Para hoje contigo estender uma toalha e sentar.
Para olhar em teus olhos e ouvir que me ama...
No meu jardim hoje eu não vejo você chegar...

Deito-me sozinho no chão à espera sem fim...
As estrelas chegam, mas você ainda não...
O sol nasce e seus raios queimam em mim...
Acordando-me deparo com o vazio chão...

E recolho dele a toalha suja com grama cortada.
O vento toca meu rosto e sinto você perto...
Procuro por todos os lados, mas não encontro nada...

Desde então os dias passam, e nunca mais acerto...
O vento desapareceu e a levou para longe sem pena.
Sem você por perto sou apenas uma criança pequena...



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

E de repente, de repente

Estava frio e de repente ficou quente.
Estava ventando e de repente parou.
Estava firme e de repente desmoronou.
Estava saudável e de repente doente.

Estava sol e de repente chovia.
Estava verde e de repente apodrecido
Estava chorando e de repente ria.
Estava lembrado e de repente esquecido.

Estava longe e de repente perto.
Estava errado e de repente certo.
Estava dormindo e de repente acordou.

Estava deitado e de repente se levantou.
Estava reto e de repente torto.
Estava apaixonado e de repente morto.