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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Andrômeda


Era só mais um dia qualquer de abril

E estávamos sentadeitados no sofá

Como o Atlas na mitologia grega

Eu a tinha em meus braços

 

Segurei seu rosto, e fitava

Cada singela curva

Cada pequeno traço

Na intenção de ter cada detalhe

 

Registrado em minha memória

Até que eu sorri e liguei as pequeninas

E charmosas encantadoras pintas

 

Através de linhas imaginárias com meu dedo,

Como estrelas que formam primorosas constelações

Maravilhosamente fascinantes no céu que habita em mim.



Viajante


Às vezes fico indo e voltando no tempo,

Sem saber ao certo o que procuro

Como um lobo no relento

Guiado pelo instinto, no escuro.

 

Olhamos sem enxergar

que tudo no passado é igual

tudo tem a mesma cor

tudo tem o mesmo sabor e odor

 

E a vida lá não compensa

E a vida aqui com a cabeça lá não dá paz

E essa viagem tem sim um porquê.

 

Não que a dor não me convença

Mas, não ser aquele ser errante mais

Faz você perceber que quem mudou foi você.



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Estequiometria

 

A forma como você toca me excita

Liberando uma nova e intensa química,

Que esquenta ainda mais quando me fita 

Com a boca entreaberta, fazendo mímica

 

Com meu corpo em cima do seu,

Sua mão apertando e me arranhando

Sua respiração acelerando

Seguro seu cabelo, aperto seu

 

Pescoço, você sorri, abre a boca,

Fecha os olhos, pede mais

Se contrai, relaxa, fica louca

 

Sons que se ouvem com os olhos,

Que se propagam com sua pele na minha

Quando você chega e me beija. 


Fogo e gasolina

 

 

Já não é novidade não saber explicar

As coisas quando o assunto é você.

Tua pele macia toca na minha

Como o fogo quando encontra gasolina

 

E o ar condicionado não refresca o suficiente

Para evitar que o suor escorra do meu corpo

E caia sobre o teu quando você está de lado

E seu cabelo enrolado em uma mão

 

E a outra carimbada na sua bunda.

E a gente foge para o banheiro,

Numa tentativa ineficaz de banhar

 

Mas, sua boca encontra a minha

E nosso suor começa a se misturar

Com a água que cai do chuveiro. 

Falso soneto

 


Louco porém cansado e sem direção

Assim é quando nele se entra.

Bússolas não funcionam,

Instruções não há.

 

Ri-se de nervoso, pois não há

Intenção de permanência 

Nada além de sobrevivência.

Tentativas de escapatória 

 

Ora se confundem com sacrifício,

Suicídio da mente, dos pensamentos

E nada parece ser capaz de guiar, de

 

Mostrar a saída desse purgatório sem

Fim, desse sofrimento, dessa dor

Incessante, que aperta meu peito e

Me lança ao abismo da vida. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Arrependimento

  

De longe um dos sentimentos mais inúteis

Que ora sentimos vez ou outra.

Nada muda o que já passou

E não seria ele o diferente

 

Não há como desviver as coisas

Apenas se desgastar com os fatos

Viver no submundo das emoções 

De cabeça baixa e acuados como ratos. 

 

São infinitas possibilidades 

Incontáveis ‘e se’

Em vão.

 

Inútil.

Imutável.

Incompreendido.



Menos cabeça, mais coração

  

A maioria de nós escreve ou já escreveu

Sobre como é maravilhosamente bom

Sentir borboletas no estômago e o peito aquecer.

Mas, a maioria não chegou perto da verdade.

 

O sentimento não é racional,

Ele é o oposto disso. 

Quando se consegue descrever com detalhes,

É sinal de que pensamos demais.

 

É sinal de que buscamos encontrar

Motivos que justifiquem o que sentimos,

E suporte tudo aquilo que as pessoas dizem.

 

Talvez seja essa a explicação

De que eu não tenho motivos para amar.

O amor não se justifica, ele só se sente. 



terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Vogais dançantes

 

Você não sabe o verdadeiro significado

Do meu nome quando se troca as vogais

Até distraidamente, esbarrar nele

E tudo se encaixar assustadoramente.

 

Sensação de ganhar na loteria

Sem saber o que fazer 

Sem conseguir o sorriso conter

E tudo, de repente, virar poesia

 

E assim, a gente rima

E assim, a gente ama

E assim, a gente na cama

 

Com você me explicando sobre medicina

Até pegarmos no sono

E nossos corações reconhecerem seus donos.




Vazios cheios

 


Encontrava-me perdido

Entre coisas vazias

Afogado em whisky

Tentando preencher vazios

 

Trocando energias

Com desconhecidas

Tentativa vã

De camuflar a solidão

 

E foi no meio do vazio existencial

Solitário e deprimente

Que descobri que me fiz acreditar

 

Um dia que eu seria melhor sozinho

Até reencontrar você, e perceber

Que a minha melhor versão é ao seu lado. 

Baratas desesperadas

  

Quem nunca quis

Tirar uma fotografia mental

Ou guardar o cheiro de um pescoço

Num pote para mais tarde?

 

Eu só queria parar o relógio

Naquele dia, no meu lugar favorito

Sentado, abraçado com você 

Sobre meu tapete de barraca

 

Esperando o por do sol

Ouvindo as ondas baterem

Nas pedras, e as baratas se desesperarem

 

Como as batidas desengonçadas 

De um coração

Apaixonado.

domingo, 24 de janeiro de 2021

Caórdica

Prestes a sucumbir

A lançar-me ao abismo

Do álcool e prazeres

Ao labirinto vazio da alma

 

Na iminência de perder

A dignidade

A razão

A esperança

 

Em meio a todo meu caos,

A ordem.

Personificada, como mulher.

 

Parte de mim

Que vive fora do meu peito

Organizados caordicamente. 



Entardecer

  

Não sei dizer se foi real

Ou se foi um sonho

Aquele fim de tarde

No meu lugar favorito.

 

Sol se pondo

Sentados na grama

Minha cabeça sob seu ombro

Meu abraço sua cama.

 

Vulneráveis

Despreocupados

Se irão ganhar ou perder.

 

Corajosos

Expostos e sem controle

Entregues ao amor. 



domingo, 17 de janeiro de 2021

Fogo da paixão

 

Preciso confessar a mim mesmo que

A paixão é selvagem e rebelde como o fogo,

Não importa o quanto se tente controlá-lo

Ele sempre queima do jeito que quer.

 

Por vezes tenho vontade de roubar sua alma

E esconder ela dentro do meu peito

Porque dois apaixonados são dois corpos

E uma única alma.

 

É tamanha covardia

A forma como me ganha

Com as suas curvas

 

Com seu toque,

Com seu olhar, e

Com o seu sorriso bobo.