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domingo, 6 de setembro de 2015

Muralha de gelo


Não consigo mais me permitir. Não consigo me entregar.
É tudo muito pouco perto do nada que preciso...
É pedir demais não ter que pedir. Não ter que controlar.
Não sei o que houve, mas se pessoas são lugares, não sei onde piso.

Não sei onde estou, e ter que sair é mais que um esforço.
É um sacrifício... E fiz então a minha fortaleza segura.
Chamo-a de casa, por me abrigar, e proteger meus destroços.
O frio ajuda a conservar o que sobrou, mas não é a cura.

Não adianta vir se não for forte o suficiente para ficar.
Palavras não me comovem. Lágrimas não me assustam.
Quem já foi a guerra sabe que lágrimas e sangue têm o mesmo sabor.

A lágrima é o sangue que escorre da alma através dos olhos.
Você não terá o fogo que há debaixo de todo o gelo,
Se não for capaz de atravessar a Muralha e conquistar meu amor.


Desaninhado


Desde que me obrigaram a aprender a voar, nunca mais pousei.
As árvores andam fracas demais com todo esse sol, esse aquecimento global.
Seus galhos são tão finos que só de passar por eles,  já tremem.
Talvez eu seja grande demais para árvores; talvez árvores sejam para cantores.

Pássaros que cantam para entrar em ninhos e destruir caminhos.
Não ouço o canto dos outros pássaros, não gosto do que dizem.
Pulam de galho para galho, mudam-se de árvore para árvore, voam se preciso.
Comem todos os vermes, até não sobrar mais nada, e então voam.

Gosto das alturas, sentir o vento contra ao corpo, lutando contra mim.
Olhar tudo como um todo, até decidir descer e ver algo mais de perto.
Mas, ultimamente, só sei voar, sentir as asas abertas e livres.

Ultimamente, só sei voar.
Sem cansar, pelo ar.
Ultimamente, só sei sonhar.


Não estou preocupado em fazer rimas, ou montar frases bonitas. Eu só preciso dizer para alguém que eu nunca vou matar a saudade que ela sente de mim. Se até agora não conseguiu roubar meu coração, dificilmente conseguirá. Eu sei que não sou fácil. Sei que as pessoas desistem de mim. Sei que elas também vão me abandonar. Sei que vou me sentir sozinho por um bom pedaço da minha vida – e essa eu já sentindo. Sei que vou desejar um corpo para abraçar, uma boca para beijar, um ouvido para me escutar, e um coração para me aquecer. Eu sei que vou sofrer. Mas, eu preciso te dizer, nãou vou abreviar minha vida por nada.

No fundo acho que não consigo mais me apaixonar por ninguém... E ao mesmo tempo, uma voz diz que eu não quero me apaixonar por ninguém. Como se eu não quisesse, e tornasse-me incapaz de conseguir por não querer, ou por ter medo disso. Assim como todas as minhas dificuldades e feridas. Parece que tudo o que há de ruim fui eu quem criei, todos os medos, todas as dificuldades... Elas só existem porque eu as conjurei. Que imbecil.