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domingo, 6 de julho de 2014

Sua missão: Cumprir a missão


Um navio não se navega sozinho. Precisa de uma tripulação.
Eu tinha uma missão perigosa; uma missão de ida, sem volta.
Reuni a tripulação e repassei a notícia; foram muitos os murmúrios.
Decidi que perto do objetivo, todos abandonariam o navio, em seus botes.

E então meu navio desatracou, deixou o porto pela última vez...
Deixou para trás toda aquela terra cheia de pessoas.
Em alto mar, é só você e o mar. Não dá para confiar completamente;
Mas com o tempo a gente acostuma com ele, ele nos entende, e nós o entendemos.

Em terra firme, é você contra as pessoas. Pessoas de todos os tipos...
Pessoas vazias, pessoas cheias de si; pessoas egoístas; pessoas invejosas;
Pessoas que destroem outras pessoas; pessoas que pensam demais;
Pessoas que não pensam; pessoas que não sabem nem que são pessoas.

E ainda existem as pessoas que querem ser outras pessoas...
Essas são o pior tipo. É triste, querer ser algo que já existe, querer ser alguém...
Dos outros o mundo já está cheio; e enquanto os outros copiam os outros;
Eu comando meu navio, no meu rumo, para onde eu quero, e quando quero.

O mundo está cheio de idiotas; e cada vez o mundo perde alguém.
Antes morresse; mas apenas perdeu alguém que se tornou mais um idiota.
E de idiotas, a terra firme está cheia. A terra firme é segura e confiável;
Mas os seus habitantes, não. O mar não tem esse problema.

Certa vez conheci uma comandante, e ela adorava o mar.
Ela adorava tanto que podia-se dizer que o amava.
E para provar esse amor, ela pegou seu navio e o afundou.
Para fugir da terra firme, o mar é a única solução...

A missão era só de ida. Meu navio não voltaria.
Seu destino: Fundo do mar.
Sua tripulação: O comandante.

Afinal, quem manda nessa porra sou eu.


"Eu prefiro o mar. Não porque é água, mas porque não é terra firme. "

(- Da série "Em alto mar.")


AltO mar

Quando eu entrei para a Marinha, eu aprendi a ser marinheiro.
Antes de entrar em um navio, aprendemos no nosso dia a dia;
Lições jamais esquecidas, lições para uma vida inteira.
E aprendemos que no final, estamos todos “no mesmo navio”.

No fundo, somos todos marinheiros em algum navio da vida.
Cada um navega em um oceano diferente, com seu rumo traçado.
Todos nós enfrentamos tempestades; todos nós sentimos saudades.
E no final, todos nós queremos ter o nosso porto seguro, para atracar.

Viver em alto mar não é uma tarefa fácil. Ainda mais em um navio,
Com a vida de outras pessoas em risco. Nós somos os comandantes;
Somos “o capitão”, e damos o rumo ao nosso navio oceano a fora.

Muitas vezes afundamos nosso navio, e nele todos que estavam nele.
O mar nunca foi um lugar seguro para aqueles que não sabem navegar.
O mar é hostil; calmo em sua superfície, turbulento em suas profundezas.


Toque de morte


A dor é realmente algo poderosamente incrível e impressionante.
Quando se surge de uma hora para outra então; essa é das boas...
Não importa quão forte o indivíduo seja; ela derruba todas as pessoas.
A dor tem um poder inimaginável, de acabar com tudo, num segundo, num instante.

“Tudo o que é construído termina por desmoronar.” Maldito desejo...
Maldito seja o desejo; por trazer o sofrimento sem aprendizagem;
Malditas sejam as pessoas; por sempre estragarem os desejos.
Maldita seja a esperança; por acreditar sempre nessa bobagem...

A dor possui um toque sutil; doce e sensual; um toque de morte.
A dor é uma sereia maravilhosa; hipnotizando os marinheiros em alto mar.
Mas, um mar de terra, onde ela anda livremente, de norte a sul.

E somente aqueles em alto mar, aqueles que conjugam o verbo amar;
Caem em sua hipnose; e então ela se alimenta da sua vida, da sua alma.
Uma fome insaciável; Até que o toque surge, sutilmente, nos afaga, e acalma.