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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Deficientes


Que tal fechar os olhos por um instante.
Agora olhe para mim, mas mantenha-os fechados.
Diga-me o que você vê. Não seja relutante. [...]
Tente ver as coisas com os olhos vendados.

Assim como quem não enxerga, desperta a audição;
Quem sabe de olhos fechados não desperte o coração?
Sentir as coisas com os olhos não parece funcionar;
Somos deficientes de sentimentos, vemos sem enxergar.

Agora tente fechar a boca por um momento.
Tente me dizer como você está se sentindo.
Assim como o mudo fala com as mãos, fale com o coração.

Ele é colocado de lado, e até esquecido. É um lamento.
Somos feito bonecos sem emoções, sempre sorrindo.
Bonecos não falam, não enxergam, não tem emoção.



Revelações



Quando se quer muito algo, se vai lá e faz.
Quando não dá, inventamos uma maneira de fazer.
Quando se faz questão de algo, não há limites.
Quando não se faz, tanto faz.

Quem diz que quer e não quer, dá uma desculpa.
Ter sem possuir é não ter só que tendo um pouco.
É como areia movediça, se ficar muito tempo, afunda.
Quem foi quem inventou os sentimentos?

Será que é pra levar a sério, ou seria uma brincadeira?
É tão injusto, entrar na vida de alguém, tirar tudo do lugar,
E depois, simplesmente se retirar e desaparecer por aí.

A vida é tão injusta com certas coisas, tanto faz.
No mundo real, pessoas não são mais pessoas.
São objetos descartáveis. Questão pra que? 

Paraquedas

Nunca imaginei que amar fosse uma aventura.
É uma mistura meio maluca de sentimentos.
Foi como voar num avião, sentindo no rosto o vento,
Completa loucura, mas eu nunca tive medo de altura.

E a vista lá de cima é outra completamente impressionante.
Pude ver como o mundo é grande, e como era legal voar.
Enfrentei algumas turbulências, sempre muito emocionante.
Tudo saia do lugar, e o coração não parava de palpitar.

Contudo, é perigoso se aventurar, é preciso correr riscos.
E foi numa turbulência que eu precisei abandonar o avião.
Dia cinza, frio, ventos fortes, e lá fora, um grosso chuvisco.

Saltei. Abri meus paraquedas. Foi uma loucura, pura emoção.
Só assim, pude ver quão grande era o meu paraquedas por ela.
A pior parte foi dobrá-lo. A segunda, cuidar dessa “sequela”.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Defeito

Quando se ama, muita coisa perde a importância.
Quando se ama, se ama, e isso é o que importa.
Dizem que o amor é para sempre, e ele é.
O para sempre é composto de agoras, olhe só.

Quando se ama, se ama, não importa o lugar.
Quando se ama, se ama, as pessoas são o lugar.
Dizem que amar é encontrar a si mesmo, e é.
É encontrar a si mesmo em outra pessoa.

Quando se ama, se ama, inclusive os defeitos.
Quando se ama, não importa se somos perfeitos no mundo.
Dizem que o amor não tem limites, e não tem.

Quando se ama, se ama, de corpo e alma.
Quando se ama, se ama, e só.
Dizem que amar é encontrar o amor perdido no fundo do mar.

A lasca


Dia cinza, a chuva não deu trégua. O frio inflamou a garganta, e a dor o peito. Terminara de ler um livro, e nele vi algumas palavras de Buda. Ele disse que tudo o que é construído termina por desmoronar; a primeira coisa que se passou pela minha cabeça foi que então, segundo ele eu estou desmoronado. Não levei a frente isso, e continuei lendo. Ele disse, também, que o sofrimento é causado pelo desejo; e então foi que a segunda coisa que me passou pela cabeça foi ela; o meu desejo. Continuei lendo, e ele sugeriu que a suspensão do desejo implicava na suspensão do sofrimento, e se pararmos de desejar que as coisas perdurem, não iremos sofrer quando elas desmoronarem... Realmente, muito profundo, verdade verdadeira, emocionante. Mas, eu não podia abrir mão desse sofrimento. Não podia porque a única coisa que me mantinha ligado a ela era o meu desejo. Sem o meu desejo, ela não seria nada. Ela era tudo, só não sabia disso. Ela desmoronaria em mim, deixaria de existir, se eu não a desejasse. De qualquer forma, eu teria que escolher entre deixar de sofrer por deseja-la e sofrer por não tê-la mais dentro de mim, ou sofrer por deseja-la. O desmoronamento é inevitável, o amor também.
Desejos levam ao sofrimento... Então não desejar seria não sofrer... E o caminho para a felicidade seria não desejar... Mas, não seria a felicidade, um desejo? Por mais que seja consequência de não desejar, no final das contas, agimos almejando a felicidade; desejando-a. No fundo, se a felicidade é um desejo, a felicidade leva ao sofrimento também. Sofrer é inevitável, amar também.

O amor é frio como o Alasca, aquilo em que o mar bater, congela.


Quando estamos tristes, o que fazemos? Choramos; Quando estamos felizes, o que fazemos? Sorrimos; E quando amamos? O que fazemos? ... Fazemos tudo errado.