Você percebe algo de errado quando seu banho é demorado.
Quando, debaixo do chuveiro, seus olhos se fecham com força,
E você encosta a cabeça na parede, e segura os olhos
embaçados.
Quando nos seus pés, já começa a se formar uma pequena poça.
Aí você abre o ralo, deixa a água ir embora, e surge um
vazio.
Um vazio estranho. Alguma coisa que não deveria foi por água
fora.
Com tudo limpo, o banho termina, o boxe se abre, e vem o
frio.
O boxe se fecha, o chuveiro também, e tudo se embaça, e
agora?
Você senta com a cabeça nos joelhos, sentindo a chuva quente.
Como se sabão caído nos olhos tivesse, ardem e embaçam
também.
“Chega!” – Você diz, levantando e desligando e lavando a sua
mente.
Com a toalha já no corpo, você limpa o espelho e dá um
sorriso torto
Que torto ou não, não consegue enganar nem a si nem a
ninguém
De que não está tudo bem, e que aquilo que foi vivido, ainda
não está morto.