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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Escuridão parcimoniosa



Eu não podia fazer mais do que pedir para ela se cuidar.
Eu mesmo não podia. Dizia um simples se cuide, mas por trás,
Eu gostaria que ouvisse um eu te amo. Quem ama cuida.
Eu amava, mas não podia cuidar. Isso me assombrava.

A solidão é um frio intenso que varre o coração.
Ela congela os sentimentos, congela o amor.
Ora se confunde com paz, ora com escuridão.
Labirinto da alma, negro como o abismo da dor.

Às vezes, parece mais fácil viver sozinho à amar errado.
Às vezes, não nos resta nada a não ser seguir em frente,
E se contentar com metades que não completam nada.

De tudo que ela poderia ter sido, foi apenas saudade.
E congelado vou seguindo sem saber para onde ir.
Cada vez mais, com uma tremenda preguiça de existir.


Pêssegos Mofados


Seu perfume e sua beleza eram absurdos.
Seu sorriso era poderoso... podia parar o tempo.
Fazia corações acelerarem, a todo momento.
Sua pele tinha uma espécie de relva de veludo;

Gostosa de fazer carinho e de passar o rosto.
E quando a encarava surgia um rubor alaranjado.
Cobria-a então com um cobertor de beijos ilimitado.
De todos, seus lábios são os que eu mais gosto.

Sem saber, fui guardar meu pêssego em um pote de vidro.
Assim, ninguém poderia tirar nada dela, sequer um cheiro.
Não era um qualquer... aquele pêssego era um sentimento.

Certo dia o vidro chorou e ele não era mais o mesmo...
Estava com um tom de verde, parecia possuir por inteiro.
O pêssego havia mofado e nada doía mais que isso naquele momento.

Queijo passado


Existem vários tipos de pessoas. Eu sou do tipo queijo.
Não aquele branco, mas sim o amarelado, meio duro.
Esse mesmo, parece suíço só que não é mas, tem furos.
Quando novo gera aquela água cheirosa que desperta o desejo.

Água meio salgada, feito mar podre. Se não jogá-lo fora,
Quem sabe alguém ainda me possa cortar em pedaços
Para que possa esfarelar mais e mais. E o queijo chora.
Cobrindo, com sua água fétida no prato, todos os espaços.

Não demora muito e logo ele fica velho e azedo.
Cria uma crosta amarela e verde com um pó.
Não sou especialista mas, diria que se chama mofo.

Queijo passado faz mal e as pessoas têm medo.
Medo de consumir, nojo de cheirar, a garganta dá um nó.
O estômago embrulha; o coração para de bater; amorfo.