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domingo, 9 de abril de 2017

Soneto do meu amor


Não sei como escrever isto, muito menos te dizer
Mas, preciso tirar isso de dentro de mim, antes que apodreça
E termine de matar esse corpo que um dia há de perecer.
Quero que saiba, antes que da minha vida desapareça,

Que ela foi à última tentativa de suicídio.
Algumas coisas não resistiram, das quais o amor
E a esperança, que foram jogados de um precipício.
Não adianta tentar consertar o meu cruor

Pois a dor e o sofrimento, estes eu preciso sentir.
Preciso do meu luto, do meu silêncio e da minha paz,
Da minha solidão vazia de luz, enquanto fraco e incapaz

Ainda mantenho-me de pé, com vergonha de sucumbir.
Espantando as moscas das minhas feridas,
Tentando viver o que alguns chamam de vida.

Corredor das Almas

Foi um dia difícil, o do sepultamento do meu avô.
Sabemos que um dia chegará, mas não esperamos.
Segurei o choro, a dor e fui forte por minha mãe,
Pois, ela desabou em choro, dor e sofrimento.

- Deve ser uma puta dor perder um pai –
Uma cena que nunca fui capaz de imaginar
Era a do meu avô deitado no caixão,
E ver esse caixão sendo fechado,

Com a pessoa que eu amava dentro dele.
Nunca fui capaz de imaginar carregando-o
Em direção a um nicho, em marcha fúnebre.

Olhando para os lados, vendo rostos e nomes
Escritos em catacumbas, platéia mais perfeita
Para um momento mais que indesejado.

Santa morte


Perder alguém não é a melhor forma de dizer
Que alguém não vive mais. E dizer que não vive também não.
Pois, não perdemos ninguém neste mundo,
Porque ninguém é propriedade de ninguém.

E não deixamos de viver quando desencarnamos,
Da vida entre os vivos, a certeza é a morte,
E a morte entre os vivos, é a libertação,
Enquanto a vida entre os mortos, é a angústia

Dos vivos.
Não negarei a dor, não julgarei o sofrimento no peito de quem sente.
Mas, a força precisa estar presente

E é isto que desejaria o ausente.
Não sofrer por sua partida,
Mas, adorar pela sua vida.