Pesquisar este blog

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Cachorro abandonado

É engraçado, às vezes, triste. 
No fundo, eu queria que você me tratasse igual trata um cachorro, sabe? 
Você poderia me dar carinho, poderia brincar comigo, passar a mão na minha barriga, me dar comida e me dar banho, poderia me dar um lugar na sua caminha pra eu poder dormir, um espaço na sala pra assistir um filme com você, ou até um espaço no jardim, pra tomar conta da casa. E eu iria esperar por você todo dia, iria abanar meu rabo quando te visse, e morder quando me deixasse com fome, ou frio, ou apertasse minha barriga com muita força. 
Nos dias de sol, você poderia me dar um banho de shampoo e condicionador contra carrapatos, e nos dias de frio, poderia me pegar no colo, me enrolar num cobertor e esperar eu dormir...
Preciso de atenção, de seus olhos em mim... Preciso de seu abraço sincero, de seus beijos, e da sua voz de veludo, me chamando pra perto de você. Eu preciso de você.

Mas, você não me dá nada disso. E se fosse pra ser um cachorro, eu seria um cachorro abandonado.

Amor estrangeiro

Seu sorriso é o tesouro que a minha ganância quer.
Seu olhar é o raio de sol que aquece a minha alma.
Seu nariz e sua orelha são algo que minha boca quer.
Seu corpo sobre o meu, nos aproxima, nos acalma.

Sua pele é uma porcelana rara que eu preciso ter.

Sua mão segurando a minha não deve ser miragem.
Seu rosto é uma pintura que jamais irei esquecer.
Seus lábios são uma prova de mel puro e selvagem.

Seu corpo é como um pêssego, gostosa relva gelada.

Seu perfume é minha droga preferida, enlouquecedor.
E seu gelo... Mata-me por dentro, por fora. Por inteiro.

Não farei da sua sombra a minha morada;

Mas, da sua ausência eu faço minha dor.
E da minha dor, o meu amor mais estrangeiro.

Máscaras (iPod Note)

Assim como todo baile a fantasia, pessoas as usam no dia a dia. Um sorriso falso, um olhar invejoso, palavras sórdidas... É um mundo de mentiras, no qual muitas vezes, não usar uma máscara já é usar uma.
-Fez-se gelo quente.-

Sent from my iPod

Poço (iPod Note)

Parece loucura das pessoas mas, no fundo como todas elas.
De carne e osso, com defeitos e pontos fracos; a diferença é como se revela para elas.
Uma vez chamaram poço. Não há luz em um poço, e geralmente são fundos, e ninguém entra em um poço; sua água reflete o que está do lado de fora e você não vê o que está do lado de dentro.

Sent from my iPod

Teoria do universo e amor (iPod Note)

Sentado no Tijupá, assisti ao pôr do sol no horizonte. O céu passou de azul para laranja, de laranja para vermelho; e de vermelho para azul escuro... O sol se escondia em um lugar onde meus olhos não alcançavam... E assim ela se foi, junto ao sol, para longe de meus olhos.
As estrelas nasciam, e pouco a pouco, todas nasceram.
Deitei num bote salva vidas, e pus me a desenhar e interpretar estrelas. É difícil de acreditar que a maioria delas está morta... E mesmo assim, a morte não as impede de brilhar... Pelo menos não para as estrelas.
Acredito que seja assim para as paixões mais intensas, também.
Para as paixões mais passageiras, estrelas cadentes.
Para o amor...? Ah! O amor! Para esse eu não sei... O universo é grande demais, e o amor, bem, também o é, e também está em expansão... Não seria o amor o universo, e as estrelas o seu esqueleto, as paixões mortas, suas experiências e histórias?  É tão grande que é difícil de se notar.
E todo nascer do sol, é a mesma agonia...
Vejo todas as estrelas partirem, mas a vejo voltar... Sinto o calor dos seus olhos, o frio de suas mãos, e no brilho do seu sorriso é onde mora a minha felicidade.
Se fosse para abraçá-la, abraçaria como meu tudo, seguraria o mundo em meus braços; a abraçaria com meus braços, com meus pés, com meus lábios, com meu peito junto ao seu, e com a minha sobre a sua, sendo um mais um igual a um.

Sent from my iPod

Desgarrado (iPod Note)

E finalmente chega o dia em que você se desgarra do passado. Você aceita que o que passou, passou; e não passam de lembranças agora. As cicatrizes servem para provar que o que vivemos foi intenso, e real.
Quanto mais nos desapegarmos, melhor. Mas, na maioria das vezes, os sentimentos trancam a razão.
Corra atrás do que te dá vida, fuja do que te aprisiona. Como dizia uma grande amiga, "Não se mate por aquilo que não te dá vida".
O que não é dado livremente, não deve ser implorado.
Abra os olhos. Estamos no hoje, não no ontem. Estamos no aqui, não no lá. Estamos no agora, não no antes, nem no depois. Não crie expectativas. O passado e o futuro estão muito próximos do presente, e estão ligados. Não os misture.
Eles são como sereias nos seduzindo, nos desviando do nosso rumo, com uma voz de veludo, mortal.

Sent from my iPod

Precisa-se (iPod Note)

Em alto mar, os dias são todos iguais. Mar, mar e mais mar. Ora um azul mais claro, ora um azul mais negro. As nuvens cinzas e pesadas cobrem o céu, também azul.
O mar é tão enorme, que todo e qualquer ser humano se sentiria pequeno, por mais que estivesse cheio de si, e vazio. O ego, o orgulho e a falsidade dominam as pessoas. É impossível para mim, conviver assim. Sou a minoria, talvez. A solidão não é mais uma estranha, e tão menos uma inimiga. Às vezes, é um favor maldito. Mas, estar longe de quem te inveja, e de quem finge ser, às vezes é mais que um favor. Não sei o porque do ser humano pensar que é auto suficiente. Ele não é... Até o melhor navio precisa de um rumo para seguir, para ter alguma finalidade; ele precisa de um bom comandante e este de bons marinheiros; Nós estamos sempre precisando de alguma coisa.
Precisa-se de amigos verdadeiros.
Precisa-se de amigos fiéis.
Precisa-se de amigos confiáveis.
Precisa-se de amigos de verdade;

-Falsidade tem prazo de validade, e toda ilusão não é o bastante para fugir da realidade.-

Se não houver, que venha então a solidão. Pois, é nela que nos descobrimos; é nela que descobrimos nossas fraquezas, nossos defeitos, e nossos medos mais profundos.
 - O homem que nunca esteve só, dificilmente se conhecerá. Pois, é testando a si mesmo, colocando em prova sua coragem, sua capacidade, que se mede a força que se tem.-

A solidão estará sempre presente. Pessoas são falsas sem perceber, e a pior solidão não é a física, mas a solidão de nossas essências; muitas vezes presas no calabouço da alma. Muitas vezes, as almas tomam conhecimento de sua força e coragem, mas estão presas. Elas se conhecem, mas não conhecem as outras.

Precisa-se de amor.
Precisa-se de amizades sinceras.
"Precisa-se de você."

Sent from my iPod

Linha do mar (iPod Note)

E quando se entra em um navio, somos todos um. Uns dormem, outros conversam, outros bebem; enquanto eu deito no convés e fico olhando o mar e o céu... E assim lembro da família que ficou em casa, das poucas amizades que ficaram bem distante, e do meu amor, que ainda não sabe que o é, cujo tamanho é como a linha do mar no horizonte, além de onde os olhos conseguem alcançar.
Deitado em minha cama, sinto o jogar do navio, e ouço o ronco do motor... O peito aperta, e então as lembranças surgem; lembranças do que foi, e do que poderia ter sido. E de olhos fechados, nessa jaula de metal, tento te encontrar de alguma forma. Tento buscar em teus olhos a força e o calor que os meus não possuem mais... Encontrar no brilho do teu sorriso, um motivo para voltar...
Pela manhã, vou de encontro ao vento do Tijupá, na tentativa de receber dele o aroma do teu perfume, o toque dos teus lábios, e o som da tua voz...

Sent from my iPod

Um certo Alguém (iPod Note)

'Eu preciso de alguém', pensei comigo mesmo. Mas, não é um alguém comum. É um alguém que me traga um sorriso sincero, e que me olhe com uma certa pureza nos olhos, inocência e sensualidade. Alguém que me deseje como a Lua deseja o Sol, e como o pescador o Mar. E que esse alguém entenda a loucura que trago, e que veja que a saudade do antigo não é medo do novo, é apenas nostalgia.
E quando a noite se lançar, ela se lançará como cobertor de gelo sobre mim, faminto de seus lábios, de suas curvas, de seus olhos, de sua alma.

Sent from my iPod

Sei lá (iPod Note)

Não é engraçado, é triste. Às vezes, sinto-me meio... Sei lá. Talvez seja o vazio que já ocupou grande parte, e que quer tomar tudo...
Estava chovendo lá fora, e entraram algumas nuvens no meu quarto. De repente, começou a chover e parou. Quase me afoguei. Era uma chuva um tanto que salgada, e molhou meu travesseiro.
Com algumas horas, a chuva havia passado, mas o céu continuava cinza.
Quando me dei conta, um perfume doce havia invadido meu quarto, e os pontos da minha cicatriz começaram a se abrir, passou um filme onde começava feliz, mas não terminava feliz, em minha mente.
- Tem dias que tantas nuvens invadem meu quarto que eu nada vejo. Nuvens carregadas, nuvens vazias, nuvens vermelhas, nuvens negras, nuvens rosas, nuvens amarelas. E são nesses dias, que chove muito. O quarto fica desorganizado, molhado, e fica mofado. Não consigo controlar essa chuva que desce dos meus olhos, molhando o meu quarto sobre o travesseiro. -

Afinal, a gente nunca está só. A solidão sempre está presente para nos fazer companhia.

Sent from my iPod

Redobrando um amor aberto (iPod Note)

Como tudo na vida, isso também há de ter um fim. Não sei como, mas de certa forma ainda sinto tudo vivo e forte em mim. Talvez seja culpa do frio, talvez sejam as lembranças, ou talvez os dois juntos. O aperto no peito é grande, e a saudade também. Fica entalado na garganta todas as coisas que antes dizia, mas que agora não são mais ditas.
E, eu descobri com o tempo, que nada acontece por acaso, e a gente só entende depois. Isso que eu sinto, é o que está dentro de mim, pedindo para sair. Se não a tivesse encontrado, não saberia o que é isso, pois nunca teria saído...
Mas, agora preciso encontrar um outro lar que abrigue todos os abraços, os beijos, os risos, os carinhos, os olhares, o calor de nossos corpos, e que possamos encontrar algum lugar no tempo para que nada disso se perca. E que dessa vez, seja diferente, onde sentir frio seja uma escolha, e que não haja espaço para o sofrimento.

Sent from my iPod

Caixa de gelo (iPod Note)

E antes que eu pudesse fechar a porta, ela já tinha saído. Discutimos durante muito tempo, e ela disse que só queria me dar um "oi". Eu não aguentava mais essas visitas inesperadas. Disse para nunca mais falar comigo, e que não a queria ver tão cedo... Ela então olhou para mim, riu, e disse que estava dentro de mim. Eu não tinha escolha, eu não tinha como tirá-la de dentro de mim. Eu e ela éramos uma única coisa, e nada mudaria isso.
Ela trouxe sua amiga para nos fazer companhia. E essa amiga, trouxe sua irmã. "Eu odeio visitas inesperadas" - Pensei comigo mesmo.-
Elas pareciam se divertir muito comigo, enquanto que eu... Ah! O que eu poderia fazer?
Então, ficaram com sede; e começaram a beber das minhas lágrimas. Bebiam e bebiam sem parar... Estavam sedentas...
O tempo passou, e sua amiga Depressinha foi embora com a sua irmã, Solidinha... Mas, não se deixe enganar pelos nomes, elas eram enormes, gigantes!
Sozinhos de novo, fiz de tudo para me deixar. Ela ria, ria e ria. Chamava-me de tolo, dizia que morava em mim, nascera em mim, e só me deixaria quando recebesse o segundo presente de Deus.
"Segundo presente de Deus"? -Pensei.-
E ela só sabia rir de mim. Ela disse que Deus nos dá a vida, e esse é o nosso primeiro presente. Perguntei então, sobre o segundo, e ela nada disse. Calou-se. Percebi então, que o segundo era melhor que o primeiro. - A única forma de me abandonar.-
O segundo e melhor presente de Deus é a Morte. Só está em segundo porque para recebê-lo, devemos estar vivos em primeiro lugar.
Ela era doce e ao mesmo tempo profunda. Tentadora, porém... Não podia roubar nada de Deus.
O tempo passa, e ela ainda habita em mim. Seu nome é Tristeza, e ela vive numa caixa de gelo, guardada no meu peito.

Sent from my iPod

Lenhador, lenha a dor (iPod Note)

Era um diferente. Se andassem para esquerda, iria para direita. Nem sempre ser diferente é bom; fácil; indolor.
Tinha o coração em brasas, mas as pessoas são geladas. E aos poucos, foi esfriando; foi faltando lenha para aquecer. Passou a procurar lenha, então. Fugiu para uma floresta. De início, pegava as lenhas podres das árvores já mortas no chão. Procurava, mas não encontrava lenha boa, porque as árvores eram jovens demais, e lenha jovem não dá boa chama. Tornou-se lenhador, mas sem lenha. Sentia frio, sentia dor.
E com o passar dos dias, dos meses, dos anos; decidiu pegar o seu coração e por num congelador. Quem sabe assim, congelasse sua dor. Ou talvez, quem sabe assim congelasse sua brasa, já pequenina, numa tentativa de não se apagar. Quem sabe assim, ganhasse mais tempo para encontrar uma lenha certa, e preservasse sua brasa no congelador. Quem sabe assim, formasse uma espécie de gelo quente; Gelo por fora, brasa por dentro.
E no decorrer do tempo, encontro algumas árvores saudáveis, mas de lenha ruim. Corto alguns galhos, tento acender uma fogueira, mas o fogo não se mantém, ele logo se apaga... Entrego, então, nas mãos de Deus, e peço que tenha piedade... Uma vez entregue à Deus, eu então dou Adeus à árvore, à lenha, e ao pequeno fogo.

Sent from my iPod