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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sutilmente


Ainda sobre o que deve ser o amor,
Talvez ele seja diferente para cada um.
Para uns, dor 
Para outros, um sentimento incomum.

O amor me pegou de uma forma tão sutil
Feito uma batida de trem. 
Quebrou-me em inúmeros pedaços,
E só assim pude descobrir o que havia em mim.

Juntei meus pedaços e os moldei para ela,
Desfiz-me de alguns outros pela janela...
E assim fiz, durante meses, e assim farei

Durante os anos que durarem uma vida.
Amor não se acha, mas se cultiva. E é
Por isso que ele é de coração e não decoração. 

domingo, 4 de novembro de 2018

Deve ser



Já ouvi diversas definições de amor,
Mas, a última foi um tanto que diferente.
Ouvi que
Amar é ser livre

E deve ser pertencer um ao outro, inda assim.
O amor deve ser leve
Deve ser resiliente
E deve ser teimoso,

Como o inverter das vogais.
Mas, foi o que ouvi,
Deve ser...

O que sei até agora
É o que o amor não é,
Ou o que não devia ser.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Remendas

Há quem diga que o amor quando dói
É porque está se amando errado.
Que quando o amor molha o travesseiro,
E quando o amor seca as palavras

É porque está se amando errado.
Caio dizia que lâmpada queimada
Não se conserta, mas se troca por outra.
Mas, pessoas não são lâmpadas, 

Muito embora queiramos jogar algumas 
Fora da nossa vida, mas não é isso o que 
Eu vim aqui dizer. Só queria dizer que

Há quem diga muitas coisas, mas sobre o amor
Diria que quando o amor está doente,
Recomeçar é o melhor remédio (e não remendar com um esparadrapo). 

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Perturbador



Como deve ser olhar nos olhos de alguém
E esperar que fosse aquela outra pessoa
Que deixou não só a blusa, do avesso,
Como um furacão bagunçando a vida.

Como deve ser olhar esse alguém
E lembrar daquela outra pessoa,
E de todas as lembranças ainda não esquecidas
Desenhadas na janela do carro.

Como deve ser ver esse alguém chegar,
Mas, não te ver chegar. Não te ver chegar.
Como deve ser se repetir uma coisa várias vezes,

E torcer para que um dia ela se torne verdade.
Como deve ser buscar alguém similar
Porque não se pode ter o original?

domingo, 26 de agosto de 2018

Um nada

 -Você está esquisito. O que foi?
-Não foi nada.
-Tem certeza?
-Não é nada.
-Tudo bem…
- É, tudo.
-O que?
-Nada. 
-Não entendi.
-O que?
-Isso.
-Tudo bem.
-Me explica…
-Já disse que não é nada.
-Você está estranho.
-Sempre fui.
[…]
            Realmente não é nada – penso comigo mesmo. Mas, um nada que dói. Um nada desconfortável. Um nada que assim como eu, vai virar saudade. Um nada, que assim como eu, não é mais frio na barriga de ninguém. 

sábado, 25 de agosto de 2018

Em vão

Eu queria minha cabeça proibir
De pensar no que aconteceu,
E de ficar triste pelo que não,
Numa tentativa de proteger o que está por vir.

Mas, uma vez que se viveu
E se experimentou da traição,
A gente percebe que o mais triste
É que ela não vem de quem se espera.

E então, a bela vira fera
E a água no meu copo, whisky.
O que faz doer não vira saudade,

O que faz doer é a verdade
De um sentimento surdo,
E burro. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Flor

Um dia um tanto que ensolarado para um mês de agosto. Ao sair do quarto meus olhos só sabiam arder. Fui até a cozinha, enchi um copo de água e voltei para meu quarto, onde meus olhos se sentiam mais à vontade. Sem saber o que estava mais fora do lugar, a bagunça do cômodo ou a bagunça da minha cabeça, esvaziei mais um pouco a garrafa de whisky.
Às vezes, não adianta cuidar de uma flor doente. Você põe veneno contra os insetos, contra os fungos, fertilizante no solo e mesmo assim ela continua doente. Você pesquisa sobre novos métodos de cura, conversa com amigos e tenta de tudo um pouco, mas nada. E percebe então que nem sempre as flores ficam doentes porque você parou de cuidar delas. É que, às vezes, elas ficam doentes porque o seu cuidado já não é mais suficiente. Mas, tem um problema. Acontece que algumas flores são únicas, porque você as fez únicas, diferentes de todas as outras, como bem disse Antonie de Saint-Exupéry. O que fazer então, para não deixar essa florzinha morrer?
Talvez devêssemos tirar uma muda e plantar em outro lugar, na esperança de pegar. Algumas coisas não podemos evitar – assim como a morte da flor. Todo início nasce de um final e às vezes um recomeço é melhor que insistir no sofrimento. É preciso paciência para surja um broto da muda, e aos poucos, cresça forte e diferente da flor que se foi – dessa vez, mais forte e saudável. O tempo vai passar, e nosso novo cuidado precisa ser diferente do antigo, senão será tudo em vão e ela morrerá, também. 
Na prática, somos todos flores. Diferentes por natureza e semelhantes por natureza, também. Somos flores livres, onde nossas raízes podem se mover para onde quiserem. Uma flor não pode se submeter a maus cuidados de alguém por medo de se sentir só. Lembre-se que nosso amigo Caio já nos falou que uma lâmpada queimada não se conserta, se troca por outra – a nossa sorte é que não nascemos lâmpadas, e sim flores.

domingo, 19 de agosto de 2018

Fortaleza



Não saber por onde começar é uma das coisas mais comuns quando a gente se sente um pouco perdido e tenta lembrar quando foi que tudo começou a ficar do jeito que está. A gente sente como se nosso peito fosse explodir, e por isso desejamos ficar sozinhos – para diminuir o número de vítimas atingidas pela nossa explosão. 
Com o tempo fui construindo uma espécie de fortaleza, com um muro bem alto para ninguém conseguir entrar, e que pudesse me sentir seguro – e só. Não sei se mais alguém se sente assim, mas é para lá que eu vou quando em dias como esse. Também não sei se é normal desistir de algo que ainda não aconteceu por medo de que aconteça. Talvez a melhor coisa a se fazer seja não tentar encontrar uma explicação para tudo, e simplesmente aceitar que não importa se é comum, normal ou igual. Somos individualidades únicas.
Nela penso em diferentes maneiras de curar o amor, de salvar relacionamentos – de todos os tipos. A primeira premissa é que não somos quebra-cabeças e qualquer tentativa nos encaixar em alguém será frustrante. O que acontece são pequenas adequações que fazemos para fazer dar certo – eu disse pequenas. Aceitamos as diferenças do outro, aprendemos a lidar com os defeitos, e no final, são os defeitos que nos unem pois, são através deles que crescemos, que brigamos e fazemos as pazes, que nos faz pensar em escolher entre insistir ou desistir – e quando escolhemos insistir, nos fortalece como nunca. 
Amar não é fazer lavagem cerebral, não é obrigar a ser a pessoa perfeita como se ela fosse uma folha em branco, um instrumento para se programar de acordo com suas vontades. Não é dar um manual de instruções a ser seguido. Como já disse, pequenas adequações, mudanças, são necessárias, afinal, não somos as mesmas pessoas que fomos semana passada, estamos em uma constante mudança. Não permita que alguém te trate como um pequeno animal – e não aceite ser tratado – querendo te ensinar como deve se comportar, portar, falar, agir, respirar ou expirar, dormir sem fazer barulho (...) e viver da maneira dele (a).
[...]

Do lado de dentro do muro eu plantei girassóis, rosas e um pé de ipê para me lembrar que toda vez que as folhas caírem e ele parecer morrer, é para somente florescer novamente – como era para ser como nosso amor. Pintei você no muro, através de momentos nossos, só nossos. Escrevi nossa música na parede do corredor, para ler toda vez que sentir saudade. Coloquei uma foto sua em cima do meu criado mudo, só pra eu dormir com você me olhando. Comprei uma bicicleta e pendurei na varanda para você me acompanhar enquanto eu corro pela praia. Preparei inúmeras surpresas para quando você entrasse... Mas, você está do lado de fora e não consegue ver nada disso.
Dizem que o começo é sempre a parte mais difícil. Na minha opinião, não existe parte mais difícil ou mais fácil. Todo fim é um recomeço, e re começar, também, seria sempre a parte mais difícil. O começo e o fim são apenas marcos, limites. O que realmente importa é o meio, a trajetória, a aventura, o frio na barriga e as borboletas no estomago. 
E então, quando descobrimos o começo de quando ficamos assim, a forma como iremos nos sentir torna-se uma questão de escolha. Lembrando que é sempre bom não causar vítimas de explosões interiores.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Feijões

Domingo. Um dia cinza qualquer, como costuma ser em agosto. Sentado na mesa da varanda do sítio, escolhendo feijão. Foram colhidos mais de cinco quilos, e se eu não os escolhesse, provavelmente nós perderíamos por conta da umidade. Durou pouco menos de duas horas, onde mal pude perceber o tempo passar.
Existem feijões vermelhos, pretos, brancos, marrom, rajados e muitos outros. A gente tem um tipo de feijão preferido, apesar de comer qualquer um na grande maioria, afinal, é feijão. Para se fazer uma boa feijoada, o primeiro passo é escolher os grãos que irão para a panela. Isso depende de quem escolhe. Há quem coloque na panela somente os grãos maiores; há quem não coloque na panela os grãos que estão com uma cor levemente diferente e há quem coloque tudo e só tire as pedras. 
Muitas vezes olhamos rapidamente para o grão e já pensamos que aquele ali irá dar um caldo bom, e numa atitude vã, o colocamos na panela; sem saber, que por dentro de um feijão graúdo, pode conter um verme que o comeu por dentro. Muitas vezes, jogamos fora grãos bons, somente por aparentarem estar esquisitos. Noutras, jogamos os grãos em algum canteiro de casa, ou em uma terra qualquer. Pode ser que dali nasça um pé de feijão, e mesmo que ele seja diferente dos outros, ele continua sendo um grão-bom, sacrificando-se assim, para que outros grãos possam vir, sadios e bem nutridos, de forma que consigam entrar nas panelas. Estava tudo normal, até que:  somos todos feijões – pensei.
A panela é nossa vida, e nós escolhemos os feijões que entram nela e os que ficam de fora. Através de critérios aleatórios – talvez um tanto que lógicos, mas, involuntários. 

E você, já parou para pensar em como você escolhe feijões hoje?

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Braços de gelo

Era terça-feira, aparentemente mais um dia como outro qualquer. Despertador cinco horas para levantar às cinco e trinta – só para ter o falso sabor de poder ter uma segunda cochilada antes de fazer a barba e escovar os dentes. Mais um dia de trabalho, mais um dia de treinos físicos intensos, exaustivos o suficiente para esvaziar a mente por alguns minutos. Quando me dou conta, já se passa das onze e penso no que deixei de fazer, no que deveria ter feito e no que preciso fazer no dia seguinte.
Ela então, entra sem bater, me dá um beijo no pescoço e me espera na cama enquanto faço as coisas de sempre, como fazer um bolo de banana sem farinha com aquelas coisas de gente que malha, ou então lavando a louça que os companheiros de república nunca lavam. De nada adianta se trancar a porta quando ela já tem a chave, nenhum telefonema, nenhum aviso prévio, nada, nada. 
Sento na cama, pego meu copo de whisky em forma de caveira e coloco uma dose das três garrafas que eu tenho só na cabeceira. Às vezes, olhando rápido as garrafas, o quadro com rolhas de vinho na parede, as garrafas de cerveja na cabeceira, também, penso que talvez esteja bebendo muito, mas é bobagem. Acendo a luminária que eu mesmo fiz, com uma lata de Jack Daniel`s, e mergulho no pano que cobre a parede preto e branco florido, desbotado, rasgado em alguns lugares, coberto de poeira, para esconder as marcas de infiltração do quarto subterrâneo que mais se assemelha a um porão sem janelas.
Ela me abraça como quem sente saudades, já não bastasse dormir comigo todos os dias. Pergunta se eu senti sua falta – eu ignoro e continuo olhando o preto e branco florido, tentando encontrar algo que ainda não sei o que é. A garrafa vai esvaziando lentamente, e ela começa a pedir por atenção. Reclama por eu não desfazer a cama por completo para dormir e insistir em dormir só em uma metade. Como se eu desse a mínima para o que ela quer.
A respiração começa a ficar forte, e o cheiro amadeirado a ficar em evidência. Coloco mais uma dose só para não dar ouvidos ao que ela não para de falar para mim. Ela então percebe, finalmente, que eu não estou dando atenção. Toca seus lábios nos meus, um sabor de mel amargo com um leve toque de falta de ar. Deito em seu colo e me faz um cafuné, diz que vai ficar tudo bem, que ela está comigo e que não tenho o que temer. Escrevo minha poesia nas curvas de seu corpo, impalpável. Não conheço seu rosto, mas conheço seu perfume de lágrimas. Como é doce o sabor da sua ausência. Lentamente e sem perceber, adormeço na cama, ainda arrumada, com a luminária acesa e o copo na mão, em seus braços. 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Queimando pontes


Existem pessoas boas e legais como você,
Que sempre estão certas, sempre pensando nos outros.
E existem pessoas ruins e chatas como eu,
Que só pensam em si mesmas.

Pessoas fortes como você, que fazem de tudo
Para conseguir o que quer. De tudo.
Pessoas covardes como eu,
Que não se arriscam.

Pessoas dispostas a dividir suas vidas, como você
E pessoas que se aproveitam disso, como eu.
Pessoas como eu não merecem pessoas como você.

Há quem não consiga terminar as coisas,
E há quem não saiba começar.

E há eu, que não sei recomeçar.

.

Desamor

O que nos leva a querer desfazer o que já foi feito?
Talvez o descontentamento
Por não ser o que esperava, perfeito
Ou um perfeito sofrimento.

O que nos leva a querer desquerer o que já foi quisto?
Talvez o formato do meu nariz
Por ter nele um risco,
Ou por tudo aquilo que não fiz.

O que nos leva a querer dizer sim quando dizemos não
É o mesmo o que nos roubou o ar
Quando nossos lábios se encontraram pela primeira vez.

É preciso sentir com o coração e ouvir a razão
Mas, não é preciso muito para saber que tentar desamar
Um amor é o mesmo que tentar esquecê-lo com a embriaguez.




Talvez o amor seja só uma palavra que você tenha visto em algum lugar, nada mais que isso.