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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Caixa de gelo (iPod Note)

E antes que eu pudesse fechar a porta, ela já tinha saído. Discutimos durante muito tempo, e ela disse que só queria me dar um "oi". Eu não aguentava mais essas visitas inesperadas. Disse para nunca mais falar comigo, e que não a queria ver tão cedo... Ela então olhou para mim, riu, e disse que estava dentro de mim. Eu não tinha escolha, eu não tinha como tirá-la de dentro de mim. Eu e ela éramos uma única coisa, e nada mudaria isso.
Ela trouxe sua amiga para nos fazer companhia. E essa amiga, trouxe sua irmã. "Eu odeio visitas inesperadas" - Pensei comigo mesmo.-
Elas pareciam se divertir muito comigo, enquanto que eu... Ah! O que eu poderia fazer?
Então, ficaram com sede; e começaram a beber das minhas lágrimas. Bebiam e bebiam sem parar... Estavam sedentas...
O tempo passou, e sua amiga Depressinha foi embora com a sua irmã, Solidinha... Mas, não se deixe enganar pelos nomes, elas eram enormes, gigantes!
Sozinhos de novo, fiz de tudo para me deixar. Ela ria, ria e ria. Chamava-me de tolo, dizia que morava em mim, nascera em mim, e só me deixaria quando recebesse o segundo presente de Deus.
"Segundo presente de Deus"? -Pensei.-
E ela só sabia rir de mim. Ela disse que Deus nos dá a vida, e esse é o nosso primeiro presente. Perguntei então, sobre o segundo, e ela nada disse. Calou-se. Percebi então, que o segundo era melhor que o primeiro. - A única forma de me abandonar.-
O segundo e melhor presente de Deus é a Morte. Só está em segundo porque para recebê-lo, devemos estar vivos em primeiro lugar.
Ela era doce e ao mesmo tempo profunda. Tentadora, porém... Não podia roubar nada de Deus.
O tempo passa, e ela ainda habita em mim. Seu nome é Tristeza, e ela vive numa caixa de gelo, guardada no meu peito.

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