Desde que me obrigaram a aprender a voar, nunca mais pousei.
As árvores andam fracas demais com todo esse sol, esse
aquecimento global.
Seus galhos são tão finos que só de passar por eles, já tremem.
Talvez eu seja grande demais para árvores; talvez árvores
sejam para cantores.
Pássaros que cantam para entrar em ninhos e destruir
caminhos.
Não ouço o canto dos outros pássaros, não gosto do que
dizem.
Pulam de galho para galho, mudam-se de árvore para árvore,
voam se preciso.
Comem todos os vermes, até não sobrar mais nada, e então
voam.
Gosto das alturas, sentir o vento contra ao corpo, lutando
contra mim.
Olhar tudo como um todo, até decidir descer e ver algo mais
de perto.
Mas, ultimamente, só sei voar, sentir as asas abertas e
livres.
Ultimamente, só sei voar.
Sem cansar, pelo ar.
Ultimamente, só sei sonhar.