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domingo, 19 de agosto de 2018

Fortaleza



Não saber por onde começar é uma das coisas mais comuns quando a gente se sente um pouco perdido e tenta lembrar quando foi que tudo começou a ficar do jeito que está. A gente sente como se nosso peito fosse explodir, e por isso desejamos ficar sozinhos – para diminuir o número de vítimas atingidas pela nossa explosão. 
Com o tempo fui construindo uma espécie de fortaleza, com um muro bem alto para ninguém conseguir entrar, e que pudesse me sentir seguro – e só. Não sei se mais alguém se sente assim, mas é para lá que eu vou quando em dias como esse. Também não sei se é normal desistir de algo que ainda não aconteceu por medo de que aconteça. Talvez a melhor coisa a se fazer seja não tentar encontrar uma explicação para tudo, e simplesmente aceitar que não importa se é comum, normal ou igual. Somos individualidades únicas.
Nela penso em diferentes maneiras de curar o amor, de salvar relacionamentos – de todos os tipos. A primeira premissa é que não somos quebra-cabeças e qualquer tentativa nos encaixar em alguém será frustrante. O que acontece são pequenas adequações que fazemos para fazer dar certo – eu disse pequenas. Aceitamos as diferenças do outro, aprendemos a lidar com os defeitos, e no final, são os defeitos que nos unem pois, são através deles que crescemos, que brigamos e fazemos as pazes, que nos faz pensar em escolher entre insistir ou desistir – e quando escolhemos insistir, nos fortalece como nunca. 
Amar não é fazer lavagem cerebral, não é obrigar a ser a pessoa perfeita como se ela fosse uma folha em branco, um instrumento para se programar de acordo com suas vontades. Não é dar um manual de instruções a ser seguido. Como já disse, pequenas adequações, mudanças, são necessárias, afinal, não somos as mesmas pessoas que fomos semana passada, estamos em uma constante mudança. Não permita que alguém te trate como um pequeno animal – e não aceite ser tratado – querendo te ensinar como deve se comportar, portar, falar, agir, respirar ou expirar, dormir sem fazer barulho (...) e viver da maneira dele (a).
[...]

Do lado de dentro do muro eu plantei girassóis, rosas e um pé de ipê para me lembrar que toda vez que as folhas caírem e ele parecer morrer, é para somente florescer novamente – como era para ser como nosso amor. Pintei você no muro, através de momentos nossos, só nossos. Escrevi nossa música na parede do corredor, para ler toda vez que sentir saudade. Coloquei uma foto sua em cima do meu criado mudo, só pra eu dormir com você me olhando. Comprei uma bicicleta e pendurei na varanda para você me acompanhar enquanto eu corro pela praia. Preparei inúmeras surpresas para quando você entrasse... Mas, você está do lado de fora e não consegue ver nada disso.
Dizem que o começo é sempre a parte mais difícil. Na minha opinião, não existe parte mais difícil ou mais fácil. Todo fim é um recomeço, e re começar, também, seria sempre a parte mais difícil. O começo e o fim são apenas marcos, limites. O que realmente importa é o meio, a trajetória, a aventura, o frio na barriga e as borboletas no estomago. 
E então, quando descobrimos o começo de quando ficamos assim, a forma como iremos nos sentir torna-se uma questão de escolha. Lembrando que é sempre bom não causar vítimas de explosões interiores.