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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Flor

Um dia um tanto que ensolarado para um mês de agosto. Ao sair do quarto meus olhos só sabiam arder. Fui até a cozinha, enchi um copo de água e voltei para meu quarto, onde meus olhos se sentiam mais à vontade. Sem saber o que estava mais fora do lugar, a bagunça do cômodo ou a bagunça da minha cabeça, esvaziei mais um pouco a garrafa de whisky.
Às vezes, não adianta cuidar de uma flor doente. Você põe veneno contra os insetos, contra os fungos, fertilizante no solo e mesmo assim ela continua doente. Você pesquisa sobre novos métodos de cura, conversa com amigos e tenta de tudo um pouco, mas nada. E percebe então que nem sempre as flores ficam doentes porque você parou de cuidar delas. É que, às vezes, elas ficam doentes porque o seu cuidado já não é mais suficiente. Mas, tem um problema. Acontece que algumas flores são únicas, porque você as fez únicas, diferentes de todas as outras, como bem disse Antonie de Saint-Exupéry. O que fazer então, para não deixar essa florzinha morrer?
Talvez devêssemos tirar uma muda e plantar em outro lugar, na esperança de pegar. Algumas coisas não podemos evitar – assim como a morte da flor. Todo início nasce de um final e às vezes um recomeço é melhor que insistir no sofrimento. É preciso paciência para surja um broto da muda, e aos poucos, cresça forte e diferente da flor que se foi – dessa vez, mais forte e saudável. O tempo vai passar, e nosso novo cuidado precisa ser diferente do antigo, senão será tudo em vão e ela morrerá, também. 
Na prática, somos todos flores. Diferentes por natureza e semelhantes por natureza, também. Somos flores livres, onde nossas raízes podem se mover para onde quiserem. Uma flor não pode se submeter a maus cuidados de alguém por medo de se sentir só. Lembre-se que nosso amigo Caio já nos falou que uma lâmpada queimada não se conserta, se troca por outra – a nossa sorte é que não nascemos lâmpadas, e sim flores.