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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cirurgia



Eu percebi uma coisa enquanto saia da sala de cirurgia...
A ferida em si não doía, mas havia algo diferente.
Não conseguia me lembrar de nada após a anestesia.
Só haviam os pontos, a ferida, e um peito dormente.

As horas se seguiram, a dor veio à tona, e pude perceber...
Amar é como entrar numa sala de cirurgia, sem anestesia.
O amor se mistura a dor. E por mais que doa, não sentimos doer.
E de olhos abertos, anestesiados pelo amor, a ferida em si não doía.

A medicação intravenosa queimava; como nossas memórias.
Aliviava a dor; enganava momentaneamente com as velhas histórias.
A recuperação depende de quão profunda a cirurgia se deu.

O que resta, após tudo, nada mais do que a cicatriz, marca do que doeu.
Uma cirurgia como essa nos deixa vivos, e esquecemos isso, às vezes.
Nos torna fortes, humanos. Mas, recuperar-se dessa, leva mais que meses.