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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Ao vento


Não sei ao certo como começar a escrever, ou para ser sincero, o que escrever. Um pedaço de papel tem mais paciência do que muita gente por aí; um pedaço de papel não te critica e nem julga; um pedaço de papel é só um pedaço de papel... E o meu preferido, não há como esperar nada de um pedaço de papel... É só um pedaço de papel.
A verdade é que estamos todos em pedaços. Todos nós já tivemos, alguma vez, os sentimentos feridos, e os corações partidos. Alguns mais, outros menos. Para ser sincero, eu já nem sei distinguir o que é parte e o que não é. É uma tristeza muito grande, termos nossos sentimentos feridos. Não que eu tenha pena dos outros, ou queira misericórdia. Apenas é uma tristeza profunda desgastar um sentimento tão puro e caloroso como o amor.
Não há nada pior do que um amor desacreditado, um amor sem fé... Quando finalmente você encontra a pessoa para amar, como nos livros clássicos de romance ou como nossos avós e bisavós, você já não é a mesma pessoa; seu amor vai precisar renascer. Juntos, terão que juntar seus pedaços, um a um, e ter de volta o que um dia já foi amor de verdade. Ao invés de entregarmos nossos corações, uns aos outros, temos que procurar um coração partido que se encaixe ao nosso. Como em um quebra cabeça...
Certa vez conversava com um amigo, e ele contava-me sobre o amor da sua vida que havia perdido... Após chorar e soluçar, fechar os olhos com força e respirar fundo, voltou seu olhos para mim e perguntou se eu já havia amado... É engraçado, pois foi como se apontasse uma arma para mim... Eu não soube responder... Os segundos eram uma eternidade, quando finalmente respondi que não sabia. O mais próximo de amor que eu tive chance de conhecer, acabou antes que eu descobrisse.
Amar alguém requer abnegação. Entregar-se não é nada fácil. Ainda mais quando se carrega no peito um coração partido e cansado de partidas; um coração que não aguenta mais dizer "Adeus"... Quem iria querer ter o trabalho de juntar todos os pedaços de um sentimento, aquecê-los e deixar semelhante ao que um dia já foi? Quem iria ter o trabalho e a paciência de amar uma pessoa tão amarga e azeda, quente e fria, preta e branca, como eu, senão o papel?
Senão o papel... O único lugar no qual o amor pode nascer em mim. O único lugar onde quem dita as linhas sou eu...

Quem sabe um dia, talvez o dia que nunca virá, eu encontre alguém. Alguém para me sentir mais apaixonado a cada olhar que lançar; acordar assistindo o nascer de um sorriso tão belo como o nascer do sol, sabendo que o motivo desse sorriso sou eu; alguém para mimar, alguém para ser médico, psicólogo, massagista, advogado, segurança, cão de guarda, amigo, motorista, cozinheiro (somente nos dias de TPM), e finalmente, amor.