Às vezes, o silêncio de uma voz esconde gritos de agonia.
Gritos de dor, gritos de revolta, gritos de raiva, gritos
roucos.
Roucos de não aguentar mais gritar, enquanto, ninguém ouvia.
Todos sempre cheios de si, porém vazios. Sempre foram
poucos.
Absorto num silêncio estrondoso começa uma procura sem fim.
Procura-se uma amizade que acima de tudo seja sincera.
Mas, que seja uma ao menos. E que não haja espinhos no
jardim.
Que seja quente, e possa colorir o preto e branco com a
primavera.
Que suas raízes sejam firmes no solo, e que tenha uma
essência.
Raízes firmes... Isso só o tempo pode oferecer, só o tempo
irá dizer.
Não existem raízes tão firmes como as que já possuem uma
vivência.
Por debaixo das folhas secas, elas ainda estão lá, porém
difíceis de ver.
Os gritos diminuem, as folhas vão embora, e uma velha
amizade reaparece.
O que foi não deixará de ser. E o que vier, a gente dá água
pra ver se floresce.