Era grande, quente, confortável, não tinha portas nem
fechaduras.
Entrava-se e saia quando quisesse, o problema era que era
difícil sair.
Não precisava de máscaras, por lá também não precisava de
armaduras.
Mas, de repente, foi ficando lotado, e foi ficando difícil
até de dormir.
As noites eram eternas, e aquilo tudo estava começando a
machucar...
Sempre havia espaço para mais um até que foi ficando sem
para mim.
É engraçado como a solução, às vezes, encontra uma maneira
de se revelar.
Foi então que apareceu o vazio, gostou do lugar e ficou.
Vazio tornou-se assim.
Foram sendo colocadas para fora, e sequer percebiam o que
acontecia.
Estava de mudança. Era hora de mudar. Hora de esvaziar tudo,
renovar.
Tudo partia, tanto as boas como as ruins. Partia-me, partia,
mas partia.
Vazio tornou-se assim. Sem dor, sem fraqueza, sem nada e sem
amar.
É necessário. Fazer mudanças é necessário. Todo começo tem
um fim,
E todo fim traz um começo. E agora, o vazio ocupou todo o
espaço.